quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Discriminação Racial punida na capital cearense

O Bom Dia Ceará conta um caso de discriminação racial contra uma atendente de telemarketing. Encorajada pelos colegas de trabalho e por um advogado, a vítima decidiu lutar pelos seus direitos. A história de Adriana Pinheiro teve um final feliz.

Nove anos já se passaram, mas Adriana ainda lembra bem as palavras do cliente que atendeu quando trabalhava em uma empresa prestadora de serviços. “Eu estava no no trabalho, e ele veio e sentou na minha mesa. Era sobre uma liberação de débito, troca de titularidade. Como ele já conhecia o procedimento, e nesse dia a gerente passou uma alteração, ele não aceitou. Bateu na mesa e disse: ’só podia ser neguinha mesmo para me atender desse jeito’”, relatou Adriana.

O engenheiro ficou exaltado quando Adriana informou que ele não tinha a documentação necessária para realizar o procedimento. Sem reação, ela preferiu ficar calada. O cliente, não. “Entramos em contato com a gerente. Ela falou com ele, e ele disse: ‘foi aquela neguinha que já foi fofocar para você?’ Aí, ela disse: ‘Não. Você sabia que racismo é crime, e que ela pode lhe processar?’ Ele disse que não era racista, porque tinha empregados neguinhos”, contou a vítima.

Incentivada por colegas de trabalho e orientada por um advogado, ela decidiu denunciá-lo. “Tem que correr atrás. Tem que procurar seus direitos. Uma semana depois, foi enviado um advogado, e eu fui à delegacia denunciar”, informou Adriana.

Segundo o advogado de Adriana, o cliente foi processado criminalmente e condenado. O depoimento da testemunha de defesa do engenheiro foi fundamental. “Ele se apresentou perante a juíza e disse o que aconteceu, e ele mesmo, sendo a testemunha de defesa, na hora disse que só ia dizer a verdade. Ele foi muito claro em dizer que o acusado repetiu duas vezes que Adriana era uma ‘nega’ e por isso não atendia bem a ele”, afirmou José de Deus Martins, advogado de Adriana.

O engenheiro, que agrediu verbalmente Adriana em 2001, foi condenado por discriminação racial e em 2007 teve que prestar serviços a comunidade. Agora, a Justiça determinou que ele terá que pagar 60 salários mínimos à vítima, uma indenização por danos morais.

A discriminação racial é considerada crime, com pena prevista de dois a cinco anos de reclusão, mas nem todo mundo que é vítima de preconceito sabe como agir. “Qualquer pessoa, seja homem ou seja mulher, que entenda que sofreu discriminação pela sua cor, raça ou etnia, deve buscar duas testemunhas e ir a uma delegacia para registrar essas ocorrêcias”, explicou André Costa, presidente da Comissão de Combate à Discriminação Racial da OAB.

Fonte: http://tvverdesmares.com.br/bomdiaceara/discriminacao-racial-punida-na-capital/

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