sábado, 10 de janeiro de 2009

Dedicado pelo dileto e amado amigo Antônio Secundo

Carlos Drummond de Andrade
Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas
que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por
termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em
nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por
um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado
e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de
ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos,
por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e
não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado, e não
compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga
pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de
ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas
por todos os momentos em que poderíamos estar
confidenciando a ela nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia
sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro
está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil
aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais
sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e
vivendo mais!!!

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o
desperdício da vida está no amor que não damos, nas
forças que não usamos, na prudência egoísta que nada
arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos
também a felicidade.

A dor é inevitável. O sofrimento é opcional

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